A gente sempre imagina como vai ser nosso futuro né?
-Eu adoraria ser escritora,mas sempre que me imagino escritora, surge uma imagem
minha entre os tantos "happy ends" onde me imaginei- em um
apartamento cheio de incensos e almofadas coloridas,estatuas de elefantes(com a
bunda pra porta que é pra dar sorte) alguns posts de filmes clássicos e bandas
de rock, um aparelho telefônico engraçado, e um gato, não. Um gato é tão
clichê,um pug.E um porteiro chamado zé.Aí você pergunta, 'e o cara?' adoraria
ser mais otimista, mas o cara, é um massagista que vem me ver às terças e
sextas, ele é lindo, e eu nem preciso de massagista.
Eu penso muito assim também, (então vou chamar esse apartamento cheio de
incensos de nossa casa) e sabe mandar desenhar uma torre Eiffel na nossa sala
com almofadas coloridas, fazer happy hour na sexta com nossos amigos estranhos,
ter sempre uma garrafa de vinho guardada, e viver por um tempo sem pensar em
grandes conquistas financeiras, só viver nossas vidas de escritoras
promissoras, e os caras ?
Teremos nossos casos, conhecer um homem que parece ótimo e descobrir que ele é
um Mané, machista, idiota e terminar, passar o fim de semana inteiro de pijama
intercalando entre uma xícara de chá, um copo de conhaque e algum doce até
perceber que somos muito boas pra ficar sofrendo por esse cara e ai vem a parte
boa, nossos desencantos serviram de inspirações incríveis.
- É,mas nem sempre é assim não é? pior é quando esse modelo chauvinista
mas,insuportavelmente sexy que tá ali fazendo poses no espelho é um ótimo
amante, é como ter que parar de comer chocolate, faz bem, mas demais eh
sobra(nesse caso o demais eh a inteligência de menos). E essas inspirações que
você citou é que transformam tudo em uma excitante magia quase palpável e, ah
como seria bom se a nossa imaginação se materializasse...
-Mas uma vez entramos no rumo sentimental, afinal tudo acaba por ai mesmo, E
quando esse maldito modelo chauvinista, maravilhosamente gostoso nem é tão
idiota assim, e ele ainda tem aquele sorriso de canto de boca, aquele puxão
pela cintura! Mas não é só sexo, a droga de tudo é que pra gente nunca é só
sexo, por mais feminista que a gente seja nunca é, e ai o que fazer quando
mesmo sendo tudo ótimo ele ainda é um cafajeste, ele não é “o cara” ? Minha
cara o que nos resta é ouvir música ruim, e ri meio chorando, detonando aquela
garrafa de vinho deitada na sala entre as almofadas coloridas.
-É, ele pode até ser ''o cara'', mas inevitavelmente voltamos ao nosso
dilema, o homem dos meus sonhos lá na minha cozinha, fazendo panquecas, sem
camisa sorrindo pra mim com a barba por fazer, e eu sentada aqui tentando
terminar um artigo.Impossível! o cara tá assoviando Caetano na cozinha! Fora
daqui,onde estavam os nossos conflitos?ah, chegamos a uma fase que amor é mais
o companheirismo do que o romantismo em si...alias apesar de estar escrevendo
um conto romântico, detesto coisas piegas.
-Caramba, sem camisa fazendo panquecas e assoviando Caetano? Onde a
gente tava mesmo? Ah sim o companheirismo, sempre, sempre mais importante do o
fato dele ser sexy e cozinhar pra você, ele vai ter aquele defeito que você não
vai suportar, não pode admitir, lembra? Poxa eu detesto mesmo ser tão realista (ou
pessimista, como preferir) mas é muito mais forte que eu, mas forte que essa
ilusão de ser feliz pra sempre, melhor mesmo é viver intensamente independente
do tempo.
Mas que dá vontade de dormir agarradinho, de vestir a camisa dele de
noite só porque é muito mais confortável, de fazer amor no chão da cozinha por
que foi tamanho o desejo que o quarto parecia em outra galáxia, vontade de conversar
de madrugada por que ele ta com insônia, de brigar por que Pavê é muito melhor
que pudim, Ah! Só a titulo de curiosidade também detesto coisas piegas por mais
que não pareça.
-Sabe o que assusta? que apesar disso
tudo esse tipo é mais tempestade de verão, e eu acho que eu quero
estabilidade(se um dia que quiser algo relacionado ao amor provavelmente será
isso). Quero a sopa de legumes da dona joana que trabalhará na minha casa, e
sexo comportado na cama, quero apagar o abajur depois do meu marido-eu ainda
estou lendo- mas quero amar, como nunca ninguém amou ou foi amado, e ser correspondida
*o que é mais difícil
-Somos péssimas feminista, esses dias
mesmo eu tava pensando em comprar um espartilho, ai eu lembrei o quanto as
mulheres lutaram pra se ver livre dele, me senti uma traidora. No fundo eu
também quero isso, filhos, um marido que não perca seu charme com o passar dos
anos, uma casa com um jardinzinho, uns moveis de madeira bem vintage, mas
principalmente um amor correspondido.
Engraçado, nosso apartamento cheio de
incensos, nossa vida de desobrigações já me parecem tão distante... A gente
sempre imagina como vai ser nosso futuro.
-E apesar de que cada passo que damos nos aproxima cada vez mais do futuro, ele sempre chega sem avisar, e quase nunca sai como planejamos...bom espero que pelo menos a gente ainda goste de bossa nova.
Por Andressa Rayana & Luna Gabeira.